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Somos parte de grupos nas redes sociais, mas, muitas vezes, estamos apenas fazendo número, não interagimos com as pessoas. Adicionamos amigos, todavia, quando os encontramos na rua, são como desconhecidos para nós. Temos milhares de seguidores, mas os verdadeiros seguidores do mundo real são poucos. São os que estão do nosso lado em qualquer circunstância. É como o padre diz no dia do casamento e que se aplica a outras situações, com relação aos verdadeiros amigos, por exemplo. Estes estão do nosso lado “ na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença...”
Ahhh como somos estranhos. Nos acostumamos a postar ou publicar ( como queiram) os nossos melhores momentos, nos lugares mais inusitados que visitamos, e isso não é proibido, nem ruim, fortalece a autoestima, temos o direito de mostrar quando estamos felizes e realizados. Mas, por outro lado, vamos criando uma NOVA CULTURA, de que devemos mostrar só o nosso lado forte, que evidenciar momentos de tristeza ou até mesmo de perdas, quem sabe, isso ficou para a geração passada, é sinal de fraqueza. Vamos superficializando as coisas demais, vamos perdendo a essência.
Acompanhando a tecnologia, vamos tornando-nos também digitalizados, robotizados, o que é criado para ser usado ao nosso favor, como Meio, acaba se tornando o Fim específico, nos escraviza. Somos a geração dos “ contatinhos, deixar no vácuo, curtir ou não curtir, adicionar ou bloquear,” viramos seres automáticos e imediatistas. Que tal uma self: mas calma, antes vamos aplicar um filtro, ou melhor, alguns filtros, vamos ficar mais magros, sem rugas, esticar um pouquinho os olhos e acentuar mais a cor para ficar mais claro ou mais escuro. Calma que não parou por aí, vamos mudar um pouquinho a cor do cabelo, deixá-lo mais brilhante, esticar um pouquinho as bochechas também (não desmerecendo as cirurgias plásticas, isso é outra história). Não há nada de mal nisso, o problema é o seguinte: imagina passar uma imagem e a pessoa pessoalmente ver que o outro é completamente diferente. É como desvalorizar a própria identidade, já que somos uma mistura de cores e de raças, se fôssemos iguais, não teria sentido.
Somos muito, muito estranhos. Não sabemos mais valorizar as coisas simples: contemplar a lua e as estrelas, sentir a energia vibrante do sol, respirar o ar, parar um pouco para meditar, se desconectar para refazer as energias e dar boas risadas.
Ahhhh como somos estranhos. Perdemos o hábito de sentir o lugar, sentir o ambiente, observar as pessoas, desfrutar de onde estamos sem muita pressa, temos que primeiro tirar umas selfies, vamos primeiro fazer o registro. Somos a geração dos que externalizam muito, todavia NÃO SABEMOS LIDAR COM O QUE ESTÁ POR DENTRO, com nossos sentimentos, emoções, frustações e até mesmo conquistas ( por incrível que pareça, tem gente que acha que pelo fato de ter conquistado lhe dá o direito de humilhar ou tentar diminuir o outro, mas o que de fato é mais inteligente é dialogar, pensar de maneira estratégica, com visão de futuro).
Por isso, especialistas apontam que as pessoas mais felizes e realizadas do nosso século, não serão as que terão mais RIQUEZA OU PODER, serão as que tiverem INTELIGÊNCIA EMOCIONAL para lidarem com os desafios e as dificuldades e superá-los. Serão ainda as que tiverem capacidade de se reinventar, de perceber quando devem silenciar ou aprenderem a esperar o momento certo, ou, simplesmente, deixar que o tempo traga as respostas. E , principalmente, aprender a lidar com as incertezas, pois, em nossos dias, é a única coisa que temos: não sabemos de nada do minuto que estar por vir.
Ohhh como somos estranhos. Somos seres desconfiados, é como se estivéssemos sempre andando num campo minado. Estamos muito preocupados em ter, em obter sempre vantagens e, por incrível que pareça, nem sempre os que aparecem são os melhores, muitos que dão base e sustentação para as coisas estão nos bastidores, não aparecem, mas produzem.
Ahhh como somos estranhos, nos acostumamos a fortalecer o EGO, mas quem vence todos os obstáculos e supera toas as barreiras será sempre o EU.
Enfim, perdoem-me a ousadia em dizer o que penso, é que eu ainda insisto em Ser Humano(a).
Marilene Firmo (janeiro de 2021), postado por Sérgio Ramos/ Radialista e Blogueiro-16/01/2021
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