Do Jornal da Manhã/ Uberaba (MG).
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À reportagem, Padre Júnior disse ter recebido com profunda tristeza a decisão, afirmando que cumprirá a determinação da Igreja (Foto: Reprodução/ Divulgação) |
Nota enviada
à imprensa no fim desta terça-feira (26) confirma a demissão de José Lourenço
da Silva Júnior, o Padre Júnior. Na nota de esclarecimento, a Arquidiocese de
Uberaba informa que a decisão é do Papa Francisco, após longo processo
canônico, tendo sido ouvida a Congregação para o Clero. Dessa forma, Padre
Júnior foi dispensado das obrigações sacerdotais, incluindo o celibato, não
sendo mais reconhecido como padre.
Ele teria sido notificado ainda ontem. Em nota encaminhada à
reportagem, a assessoria de imprensa da Arquidiocese de Uberaba informa que o
processo é sigiloso para resguardá-lo. “O senhor José Lourenço sabe do conteúdo
de todo o processo e foi lhe dada a possibilidade de ampla defesa. [Ele]
contratou advogado eclesiástico sacerdote, que o acompanhou no processo da
Primeira Instância até Roma. Por ser um processo interno da Igreja, é
necessário que seja um advogado eclesiástico (apenas uma observação: este
advogado deve ter mestrado e doutorado em Direito Canônico, e receber
autorização da Santa Sé para exercer essa função). Quando o processo é
relacionado a um sacerdote, o advogado eclesiástico também deve ser sacerdote”,
informa a nota.
Ainda conforme a Arquidiocese, o juiz responsável pelo processo em
Uberaba foi trazido de Recife para garantir a isenção e lisura do mesmo,
“inclusive para que o imputado e o povo de Deus não alegassem perseguição”. A
Arquidiocese ressalta que o processo foi analisado por três juízes da
Congregação para o Clero, em Roma, antes de ser remetido ao Santo Padre, para a
decisão final.
Nos quase cinco anos que o padre ficou afastado, sem assumir
nenhuma paróquia, a Arquidiocese de Uberaba garante ter continuado pagando o
salário, o plano de saúde e o INSS a José Lourenço. Segundo a assessoria, mesmo
tendo sido notificado da demissão, para que ele não fique totalmente
desamparado, a Arquidiocese ainda o auxiliará financeiramente e manterá o plano
de saúde.
Padre
Júnior confirmou o recebimento da notícia, a que classificou como “a dor
maior”. “No entanto, percebi depois em que saí da Cúria, o quanto eu tinha que
renascer no Espírito Santo, sem mágoas, sem julgamentos e sem destruir a
ninguém, nem ao Santo Padre, nem ao Dom Paulo, o arcebispo, sacerdotes, meus
irmãos, seminaristas, religiosas, religiosos, leigos e leigas consagrados
nesses 33 anos de sacerdócio”, desabafou.
Padre Júnior declara que em Uberaba ele aprendeu a ser padre e
mais gente e garante que continuará sua missão, agora como leigo, mas reitera
que foi celebrado sacerdote. “Não posso celebrar Eucaristia, confessar, enfim,
não posso exercer os sacramentos da Igreja porque estou no estado laical, mas
sou para sempre sacerdote. Tenho consciência porque fui ordenado pela imposição
das mãos e, assim, tendo a minha vida de consagração”, revelou ele,
acrescentando que não vai abrir nova igreja nem ir contra o que a Santa Igreja
lhe pediu. Padre Júnior declarou que colocará em prática muito em breve um
projeto de acolhimento para prover o resgate humanizado a quem quer ocupar seu
espaço na sociedade como filho de Deus. “Fiz isso até ontem como padre da
Igreja Católica, agora faço como leigo, mas consagrado para Deus, a serviço dos
excluídos do mundo e não de Deus”, explicou, reiterando que o local será de
conversa e oração, mas não se tratará de um templo.
Pediu aos irmãos que não fizessem mensagens contra o Papa nem a
nenhum membro da Igreja Católica. “Se eu fui merecedor de receber essa tão
grande tristeza em ouvir que não sou mais sacerdote da Igreja, mas escutando a
voz de Deus, sei que sou filho da Igreja e por ela vou morrer sempre, amando
meus irmãos, não a instituição, mas sim uma Igreja que Jesus fundou onde estava
aplicada não as leis humanas, mas a lei do amor”, pediu.
Padre Junior reiterou que vai continuar atendendo pelo nome de
padre. Ele aproveitou a mensagem para pedir a ajuda de todos que conheceram seu
trabalho no sacerdócio e perdão a quem possa ter decepcionado. “Mas a
misericórdia de Deus é maior”, declara, pedindo ainda orações em sua intenção.
Por Sérgio Ramos/Radialista e Blogueiro – 27/02/2019
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