Por René Junior*
Todos sabem que a maior festa da cultura nordestina são os festejos juninos, mas, infelizmente, eles estão sendo assassinados aos poucos pelos (i)responsáveis por esse evento tão importante para a nossa região.
Como faço anualmente, estive em Caruaru todos os finais de semana até agora, para aproveitar as festividades do Pátio do Forró. O que encontrei por lá, começando pelo palco que parecia palco de Rock in Rio, de Lollapalooza, foi um festival de músicas sertanejas, tudo menos uma festa junina. Nada contra os artistas que por lá passaram, mas não posso deixar de registrar aqui, a minha indignação com tamanha falta de respeito aos valores que permeiam essa festa tão importante, que é o nosso São João.
O que todos viram foi um festival de músicas sertanejas, brega, piseiro, música eletrônica, funk, forró estilizado (pelo menos é forró), e pouquíssimo do tradicional forró pé de serra.
Isso sem falar nos cachês estratosféricos que são pagos por esses artistas de fora, alguns destes artistas ainda fazem o show completamente embriagados, demonstrando um total desrespeito, falta de profissionalismo, tanto com quem os contratam e, principalmente, com o público que ali está.
Enquanto isso, os artistas da terra, como Petrúcio Amorim, Alcimar Monteiro, Santana, Almir Rouche, Nando Cordel, entre tantos outros, que quando são contratados, ficam em polos descentralizados, com pouca ou quase nenhuma visibilidade, pagos com cachês que não chegam nem perto dos que são gastos com os artistas de fora.
E, diga-se de passagem, são eles que, com muita luta, sem quase ou nenhum incentivo por parte dos governantes, mantém vivo o autêntico forró pé de serra.
O que vi no pátio de eventos de Caruaru, na véspera de São João, foram artistas tocando de tudo e, para não ser injusto, alguns deles (não todos) se muito tocaram, foi uma ou duas músicas do nosso pé de serra! Parecia que estávamos no festival de Barretos ou em qualquer outra festa pelo Brasil a fora, menos em Caruaru. Se continuarem com essa política de aniquilação da nossa cultura, em breve, as futuras gerações, não saberão o que é uma verdadeira festa junina. Lamentável!
Estive também por esses dias em Campina Grande, na Paraíba, mais precisamente no Parque do Povo, maior concorrente do São João de Caruaru e, a começar pelo palco, esse sim, remete a uma festa junina, gostei do que vi. Presenciei também que lá, os barraqueiros que passam a noite vendendo bebidas dentro do pátio, todos eles têm guardas chuvas instalados em suas barraquinhas, bem como recebem capas protetoras, enquanto que, os que fazem o mesmo no pátio em Caruaru, ficam expostos a chuva durante toda a noite, sem nenhuma proteção.
Ainda há tempo das autoridades responsáveis por essa festa tão grandiosa refletirem!
*Advogado
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