O deputado Coronel Meira (PL) e o delegado José Tenório Neto
EXCLUSIVO, Por Ricardo Antunes – “Esse delegado é um bosta”, “é um delegadozinho”, é ‘filho da puta”, vocifera, de um lado, o deputado federal pernambucano Coronel Meira (PL), em vídeo e áudio espalhados nas redes sociais, referindo-se ao delegado José Tenório Neto, um dos coordenadores do GOE (Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil).
Mais comedido, Tenório rebate, também em áudio nas redes sociais, que as declarações do deputado são irresponsáveis, precipitadas e levianas.
O motivo da troca de xingamentos é a prisão pelo GOE, semana passada, dos PMs suspeitos da chacina com oito mortos em Camaragibe, no Grande Recife, em setembro, em represália à morte de dois PMs em confronto com supostos traficantes.

Veemente, Coronel Meira critica a prisão dos PMs pela Polícia Civil, chamando de “bosta”, “filho da puta” e “delegadozinho” José Tenório Neto, que chefiou a operação. Não escapa também do xingamento o comandante-geral da PM de Pernambuco, coronel Tibério César dos Santos, chamado de “frouxo” pelo deputado, para quem o coronel não deveria ter permitido a prisão dos PMs pela `Polícia Civil.
Coronel Meira também critica o GOE por não prender integrantes do crime organizado em Pernambuco, incluindo PCC e Comando Vermelho. “‘Qual foi o preso do crime organizado em Pernambuco? Prender em casa policial honesto, que matou bandido, e divulgar na imprensa a relação dos policiais do BOPE? Não foi correta operação, é uma vergonha”, dispara o deputado.
Em resposta, mas em tom pausado, o delegado José Tenório Neto gravou áudio em que afirma ter havido desconhecimento do Coronel Meira sobre a detenção dos PMs. Classifica suas declarações de precipitadas, “infelizes”, “inverdades”, “irresponsáveis” e “levianas”.

Segundo Tenório, a detenção dos PMs que estavam em serviço, fardados de rádio patrulha, foi feita pela própria PM, depois de mandado de prisão enviado pelo GOE ao Comando Geral da Polícia Militar. Já os PMs presos em casa foram detidos pela polícia civil “sem estardalhaço, sem escracho”, sem imagens, “sem arrombar a porta de ninguém”, ressalta o delegado.
Os PMs detidos na semana passada são suspeitos de haverem participado, em setembro, da suposta execução de Alex Silva Barbosa, 33 anos, de três irmãos, da mãe e da esposa dele. Alex teria atirado e matado, em Camaragibe, os PMs Rodolfo José da Silva, 38 anos, e Eduardo Roque Barbosa de Santana, 33 anos, numa operação da PM contra tiros dados para o alto. Em consequência do tiroteio, morreu, depois de haver entrado em coma, a adolescente Ana Letícia, que estava grávida. O bebê sobreviveu.
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