Arthur Lira manda recado: “Remédio do Congresso é amargo”

Da Redação,  com Ricardo Antunes:
felizsramosdecarvalho@yahoo.com.br- 

Do Globo — Insatisfeito com o resultado de reunião promovida por Jair Bolsonaro entre Poderes, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), proferiu duro discurso em plenário na tarde desta quarta-feira. Pressionado pelos colegas a falar sobre a condução do governo no combate à pandemia, o deputado lembrou que os “remédios políticos” do Congresso são “conhecidos” e “todos amargos”, em referência indireta a um processo de impeachment. Além disso, avisou que “tudo tem limite”.

Ao ler o discurso, Lira criticou a política externa de Bolsonaro e cobrou ações efetivas para a situação de calamidade. Também alertou que é preciso uma “mudança de atitude”. Para amenizar o discurso, o deputado afirmou que sua fala não era “fulanizada”.

Chegou a dizer não é justo “descarregar toda a culpa” no governo federal ou no presidente da República. Porém, fez referência a posturas adotadas por Bolsonaro que são frequentemente criticadas na Câmara.

— CPIs ou lockdowns parlamentares, medidas com níveis decrescentes de danos políticos, devem ser evitados. Mas isso não depende apenas desta Casa. Depende também, e sobretudo, daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave. A solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo. E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido.
Apesar de fazer o alerta, Lira disse que “não é hora de tensionamentos”.

Bolsonaro anunciou Comitê anti-covid para diminuir pressão do governo.

— Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados — discursou Lira.

O presidente da Câmara também fez referência aos instrumentos de que o Congresso dispõem para exercer o equilíbrio entre os Poderes. Antes, Lira disse que buscará a união. Mas fez questão de pronunciar a ressalva.

— Mas será preciso que essa capacidade de ouvir tenha como contrapartida a flexibilidade de ceder. Sem esse exercício, a ser praticado por todos, esse esforço não produzira os resultados necessários. Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política.

Enquanto era ouvido com atenção pelos deputados durante a sessão, Lira também considerou insuficiente os esforços para a importação e compra de vacinas.

Ontem, Planalto diminuiu previsão de entrega de vacinas.

— Pandemia é vacinar, sim, acima de tudo. Mas para vacinar temos de ter boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizastes do planeta. Para vacinar temos de ter uma percepção correta de nossos parceiros americanos e nossos esforços na área do meio ambiente precisam ser reconhecidos, assim como nossa interlocução.

Em seguida, Lira tratou, sem exemplificar, de políticas equivocadas para a contenção da pandemia.

— Então, essa mudança de atitude em relação à pandemia, quero crer, é a semente de algo muito maior, muito mais necessário e, diria, urgente é inadiável: será preciso evoluir, dar um salto para a frente, libertamos as amarras que nos prendem a condicionamentos que não funcionam mais, que nos escravizam a condicionamentos que já se esgotaram.

Mais de uma vez, Lira pontuou que é preciso compartilhar responsabilidades.

— A razão não está de um lado só, com certeza. Os erros não estão de um lado só, sem dúvida. Mas, acima de tudo, os que tem mais responsabilidade tem maior obrigação de errar menos, de se corrigir mais rapidamente e de acertar cada vez mais. É isso ou o colapso.


Por Sérgio Ramos/Radialista e Blogueiro- 24/03/2021

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