Artigo: Presidente Sem Lágrimas.

Da Redação com Antonio Carlos Costa:
felizsramosdecarvalho@yahoo.com.br- 


Milhões de brasileiros trancados dentro casa. Pais temendo pela vida de filhos. Filhos e netos temendo ver seus pais e avós em agonia num leito de CTI. Padrão de vida de famílias inteiras despencando. Colapso na indústria e no comércio. Covas coletivas nas quais são lançados os corpos de seres humanos que partiram sem receber as honras finais. Médicos e enfermeiras trabalhando em condição subumana. O fantasma da fome rondando milhões de lares de desempregados. 

Cresce o número de contaminados. Na mesma proporção, a quantidade de pessoas mortas. Hospitais próximos de não atenderem mais a demanda de pacientes carentes de internação. Ruas desertas. Lares inteiros sob pressão psicológica insuportável. Cresce a percepção do fato de que estamos no princípio das dores. O pior está por vir. 

Minha indignação e melancolia (sim, nessa noite, após tudo o que houve hoje em Brasília, encontro-me num estado de alma melancólico), não têm como causa o comportamento do presidente da República. Não espero nada da parte dele. 

O que me deprime e me faz temer o pior é a quantidade de gente no nosso país que ainda não percebeu que temos um presidente de República que se importa mais com o seu mandato do que com o bem-estar do povo brasileiro.  

O que o leva a continuar dando gargalhada em público, enquanto tantos agonizam? Por que ele estava hoje em Brasília ao lado dos que apóiam um golpe militar, mas não estava em Manaus ao lado dos que lutam pela vida e trabalham em meio ao caos? 

Por que não o encontramos nas favelas, comunicando esperança, visitando barracos, buscando interagir e dialogar com moradores, lideranças comunitárias e voluntários de organizações não governamentais, que sobem e descem morro, a um custo pessoal altíssimo, a fim de levar cesta básica para os que perderam o pouco que possuíam? Por que ele tem tempo para entrar em padaria para lanchar, gerando aglomeração -em completo descompasso com normas sanitárias seguidas pelas nações mais desenvolvidas do mundo, estimulando assim a espécie de comportamento que conduz à morte-, e não tem tempo para entrar em hospital a fim de expressar solidariedade aos que estão na ponta dando a vida pela população brasileira? 

Por que o Exército brasileiro, cujo nome foi usado novamente hoje por Bolsonaro, não deixa oficialmente claro que não participa da sua insânia e atentados frequentes à democracia? O que as bandeiras de Israel e dos Estados Unidos faziam hoje na rampa do Palácio do Planalto? As perguntas não cessam. São tão amplas quanto densas as trevas nas quais se encontram a mente do presidente. Permita-me, contudo, finalizar com a indagação que mais me toca.

Onde estão os profetas das igrejas do país? Por que não declaram que o Deus santo e justo vai julgar esse governo, que usa em vão o nome santíssimo do Criador, que o Senhor Jesus Cristo nos ensinou a amar? 

Até quando essa igreja devotará a um mortal, cuja vida é sombra que passa, uma honra que somente é devida ao que, do alto do Monte das Oliveiras, chorava copiosamente ao contemplar Jerusalém, que estava prestes a ser destruída?

Por Sérgio Ramos/ Radialista e Blogueiro - 03/05/2020

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