Fazer o
bem, como ele fez muito, vale mais que falar
17 de outubro de 2018
O que vale mais, se dizer
cristão, mas pregar o ódio e a mentira, ou agir conforme os valores ensinados
por Cristo?
Essa
é uma das mensagens que Fernando Haddad direciona
a evangélicos em carta. Ele lembra que sua trajetória é seu melhor cartão de
visitas, já que ele já fez muito por tanta gente e vai fazer ainda mais.
Leia na
íntegra:
Quero me dirigir diretamente ao povo evangélico neste momento tão
decisivo da vida de nosso Brasil, cujo futuro será decidido democraticamente
nas urnas no próximo dia 28.
Para estar no segundo turno, tive que vencer uma agressiva campanha baseada
em mentiras, preconceitos e especulações massivamente espalhadas pelo WhatsApp
e outras redes sociais, contra mim e minha família.
“Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: olhos
altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que
maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a
testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos”
(Provérbios 6:16-19).
Desde as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo
cristão contra candidatos do PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto,
incesto, fechamento de Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo
o que atribuem ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma. As
peças veiculadas, de baixo nível, agridem a inteligência das pessoas de boa
vontade, que não se movem pelo ódio e pela descrença.
“Ó Deus, a quem louvo, não fiques indiferente, pois homens ímpios e
falsos, dizem calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito.” (Salmos
109:1-2). Que provas tenho a oferecer para desmentir quem usa meios tão baixos
para enganar, fraudar a vontade popular?
Minha vida, em primeiro lugar: sou cristão, venho de família religiosa
desde meu avô, que trouxe sua fé do Líbano quando migrou para o Brasil para
construir vida melhor para sua família. Sou casado há 30 anos com a mesma
mulher, Ana Estela, minha companheira de jornada, que criou comigo dois filhos,
nos valores que aprendemos com nossos pais. Sou professor, passaram por minhas
mãos milhares de jovens com os quais aprendi e ensinei meus sonhos de um Brasil
digno e soberano.
Minha vida pública, em segundo lugar: minha atuação, como ministro da
Educação e como prefeito de São Paulo, fala por mim. Abri as portas da educação
para os mais pobres, das creches – nas quais o governo federal passou a
investir pesadamente em minha gestão – à universidade. Antes do Prouni, do Fies
sem Fiador, do Enem, da criação de vagas em instituições públicas e gratuitas
de ensino e das cotas raciais, o Ensino Superior era inacessível para jovens
negros, trabalhadores e da periferia. Busquei humanizar a metrópole que me foi
confiada, buscando inovações para ampliar os direitos, à moradia, à mobilidade
urbana, ao meio ambiente sadio, à convivência fraterna.
Sempre contei, no MEC ou na Prefeitura de São Paulo, com a parceria com
todas as denominações religiosas. Tratei a todas de forma igualitária. Os
governos Lula e Dilma, bem como nossos governos estaduais e municipais, sempre
reconheceram dois pilares do Estado democrático: é laico e, como tal, não
privilegia nem discrimina ninguém em razão de sua religiosidade. Nenhuma Igreja
foi perseguida, o direito de culto sempre foi assegurado, a liberdade de
expressão também.
Nenhum dos nossos governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes
pelas quais nos atacam: a legalização do aborto, o kit gay, a taxação de
templos, a proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças e
outras propostas, pelas quais nos acusam desde 1989, nunca foram efetivadas em
tantos anos de governo. Também não constam de meu programa de governo.
“Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós
disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos
seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou
figos das ervas daninhas? Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos, mas
a árvore ruim dá frutos ruins” (Mateus 7:15-17).
Os frutos que quero legar ao Brasil como presidente são a justiça e a
paz; emprego para milhões de desempregados e desempregadas poderem sustentar
com dignidade suas famílias; salário justo, com direitos que foram eliminados
pelo atual governo e que serão trazidos de volta com a anulação da Reforma
Trabalhista; e o direito à aposentadoria, ameaçado pela Reforma da Previdência
apoiada pelo atual governo e meu adversário.
“Aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido;
fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (Isaías 1:17).
Quero governar o Brasil com diálogo e democracia, com a participação de
todos e todas que se disponham a doar de seu tempo e talentos na construção do
bem comum — um governo que promova a cultura da paz, que impeça a violência,
que nunca use da tortura e da guerra civil como bandeiras políticas, que una
novamente a nação brasileira, para que volte a ser vista com esperança pelos
mais pobres e com respeito pela comunidade internacional.
Apresento-me, pois, diante dos irmãos e irmãs das mais variadas
denominações cristãs, com a sinceridade e honestidade que sempre presidiram
minha vida e meus atos. A Deus, clamo como o salmista: “guia-me com a tua
verdade e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em
ti o tempo todo” (Salmos 25:5). E, a vocês, peço justiça, a justa apreciação de
meus propósitos e o voto, para concretizar essas intenções num governo que
traga o Brasil aos caminhos da justiça, da concórdia e da paz.