A
série de acusações foi publicada pela revista Veja, mas a ex-esposa do
candidato nega a veracidade das informações
Procurado pela reportagem, Bolsonaro não quis se pronunciar. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
Ana Cristina
Siqueira Valle, ex-mulher do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL),
acusou, em 2008, o presidenciável de furtar um cofre de banco, ocultar patrimônio,
receber pagamentos não declarados e agir com "desmedida
agressividade" no processo de separação do casal, que está na 1ª Vara de
Família do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O documento foi obtido pela
revista Veja, que traz em sua mais recente edição uma
reportagem sobre o caso, já disponibilizada na internet. À publicação, Ana
Cristina — que hoje utiliza o nome Cristina Bolsonaro na campanha a deputada
federal pelo Podemos — nega as acusações: "Quando você está magoado, fala
coisas que não deveria", disse à reportagem. Bolsonaro também foi
procurado, mas não quis se pronunciar.
Segundo a matéria, após mais de 10 anos
juntos, a separação do casal foi parar na Justiça porque Ana Cristina alegava
que Bolsonaro resistia a fazer uma partilha justa dos bens. O casal também
disputava a guarda do filho, hoje com 20 anos. A Veja informa que, no processo,
com mais de 500 páginas, há uma série de incriminações mútuas que fazem parte
do universo privado, mas existem dados que dizem respeito ao interesse público,
"porque contradizem a imagem que Bolsonaro construiu sobre si mesmo na
campanha presidencial".
Patrimônio omitido
Segundo as acusações de Ana Critina à
época, Bolsonaro teria omitido patrimônio durante a disputa para deputado
federal nas eleições de 2006. À Justiça Eleitoral, o deputado declarou que
tinha um terreno, uma sala comercial, três carros e duas aplicações
financeiras, que somavam, na época, R$ 433 934. A ex-mulher, no entanto, anexou
ao processo uma relação de bens e a declaração do imposto de renda do ex-marido
segundo a qual o patrimônio incluiria ainda três casas, um apartamento, uma
sala comercial e cinco lotes. Os bens hoje somariam cerca de 7,8 milhões de
reais.
Ana Cristina também acusou Bolsonaro de
ter uma "próspera condição financeira" que não correspondia com os
salários de deputado e de militar da reserva. Segundo a ex-mulher, o candidato
à Presidência tinha uma renda mensal de R$ 100 mil. Na época, oficialmente,
Bolsonaro recebia R$ 26,7 mil como deputado e R$ 8,6 mil como militar da
reserva. Para chegar aos R$ 100 mil, Ana Cristina alegou que Bolsonaro recebia
"outros proventos", que ela não identifica.
Ainda segundo a versão de Ana Cristina
à época, Bolsonaro furtou um cofre de uma agência do Banco do Brasil onde ela
guardava joias avaliadas em R$ 600 mil, US$ 30 mil e mais R$ 200 mil em
dinheiro vivo. O conteúdo, se verdadeiro, é incompatível com as rendas
conhecidas do então casal.
Outra acusação que consta, diz a
revista, é que Bolsonaro era um marido com um “comportamento explosivo” e de
“desmedida agressividade”. Essa seria a razão para Ana Cristina querer se
separar.
Apesar de, agora, Ana Cristina negar as
acusações que fez à época, a revista afirma que uma consulta ao processo e suas
adjacências mostra que ela não estava mentindo. O furto do cofre, por exemplo,
realmente ocorreu, afirma a Veja, e gerou boletim de ocorrência sobre o furto
na 5ª Delegacia da Polícia Civil.
Durante o processo, Ana Cristina foi
com o filho para Oslo, na Noruega. Bolsonaro chegou a pedir ajuda da Polícia
Federal e do Itamaraty para localizá-los. Na semana passada, o Correio Braziliense divulgou telegramas do
Itamaraty nos quais Ana Cristina, em conversa com um vice-cônsul brasileiro,
dizia que fora para a Noruega depois de ser ameaçada de morte pelo ex-marido.
Como fez agora, com a Veja, ela negou que
tenha dito isso ao vice-cônsul.
Repercussão na internet
A denúncia apresentada pela
revista Veja está entre os assuntos mais comentados
na internet, nesta sexta-feira (28). “Bolsonaro na cadeia” e “Veja
comunista” está nos trendig tropics do
Twitter. Outra corrente espalha na rede social um suposto recebimento de R$ 600
milhões por parte da revista para fazer as acusações contra Bolsonaro.
Por
Sérgio Ramos/Radialista e Blogueiro – 28/09/2018