PERNAMBUCO MANTÉM VACINAÇÃO EM ADOLESCENTES SEM COMORBIDADES, CONTRARIANDO ORIENTAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Da Redação, com Diário de Pernambuco:
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 (Foto: Arnaldo Sete/DP Foto)
Foto: Arnaldo Sete/DP Foto

Mesmo após recomendação de suspensão da vacinação contra Covid-19 em adolescentes de 12 a 17 anos pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (15), o secretário de Saúde de Pernambuco André Longo ressaltou que o Estado vai manter a vacinação do público. Em diversas críticas ao MS, Longo contou ter sido pego de surpresa "com esse aviso infeliz". De acordo com o secretário, Pernambuco só vai suspender a vacinação para o público adolescente com a determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que ainda não se posicionou. "A Pfizer tem registro definitivo no Brasil e liberação da Anvisa para fazer a aplicação, quem deve se manifestar em contrário a essa posição, aí teremos uma referência técnica para seguir. Até esse momento, como não há manifestação da Anvisa, Pernambuco e a maioria dos estados brasileiros vão continuar com o processo de vacinação".

O Comitê Técnico Estadual de Imunizações deve se reunir na sexta-feira (17), para aguardar a posição oficial da Anvisa, que foi provocada pelo Conselho Nacional de Saúde (Conas) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), segundo Longo.

"Nós temos mais de 3,5 milhões de adolescentes vacinados, um índice de 1.500 efeitos adversos, que é um número baixo e a maioria são efeitos leves. Um caso suspeito de uma situação mais grave, que não podemos ainda atribuir diretamente a isso (ao imunizante). Precisamos de uma posição técnica, não há espaço para decisões políticas no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Havendo tecnicidade nas decisões, elas serão analisadas e seguidas pelo nosso Comitê Técnico Estadual", ressaltou André, ao pontuar que a Sociedade Brasileira de Pediatria se manifestou favorável ao processo de vacinação nesta quinta-feira.

Ele lembrou, ainda, que não há autorização para a utilização de outro imunizante no público específico, sem ser a Pfizer. "Inadvertidamente houve alguns erros vacinais e algumas pessoas usaram CoronaVac ou AstraZeneca, que não deveria ter usado. Essa questão é tratada à parte, com acompanhamento desses casos específicos. A orientação é com a Pfizer, temos segurança. Com as outras é preciso fazer o acompanhamento. A orientação que temos nesse momento é fazer a 2ª dose sempre utilizando o imunizante autorizado, que é a Pfizer", explicou.

"Alguns municípios já iniciaram a 3ª dose sem comprometer o avanço da segunda dose com a Pfizer e sem comprometer o avanço dos adolescentes, isso o que a gente queria e está acontecendo no Brasil. Por isso, alguns passam a atribuir esse movimento do Ministério da Saúde ao movimento de falta de vacina. Isso é muito ruim porque confunde a população. É preciso ter clareza, porque suspender a vacinação de adolescentes certamente vai ter mais doses para fazer a 3ª dose, mas se for isso, vamos às claras em reunião Tripartite, deixar isso definido nesse momento. Esse tipo de desinformação ou ficar dando datar e não mandar as vacinas acaba gerando um ambiente que não contribui para o avanço da vacinação como precisamos. Estamos seguindo a ciência e vamos tentar avançar a vacinação com todas as doses disponíveis", evidenciou Longo. 

O médico e representante da Sociedade Brasileira de Imunizações, Eduardo Jorge da Fonseca, que também esteve presente na coletiva, enfatizou que a Pfizer é autorizada pela Anvisa, pelos Estados Unidos e por países da Europa. "Como todo medicamento, as vacinas têm eventos adversos que vão de leve a raríssimos casos graves. Qualquer evento deverá ser acompanhado para saber a relação de causa e efeito. Esses eventos precisam ser investigados. Hoje, a orientação é que a vacina da Pfizer é segura para ser administrada nos adolescentes. Estamos aguardando outro posicionamento da Anvisa para tomar a decisão, assim como a reunião de amanhã do Comitê Técnico. Estamos baseados em evidências de bases sólidas. A vacina da Pfizer foi testada, verificada e aprovada em adolescentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua preconizando a Pfizer para adolescentes, ela só ressalta que na prioridade, idosos e adultos deverão ser vacinados". 

Preocupado com a repercussão negativa do pronunciamento do Ministério da Saúde com o cenário da Covid-19 em Pernambuco e a falta de confiança de parte da população em relação à vacina, André Longo confessou essa ser uma das preocupações. "Já estávamos preocupados com isso e já me posicionei antes com a baixa procura de adolescentes para vacinação de forma espontânea. O adolescente tem um dificultador que é poder estar com vontade de tomar a vacina, mas depende do responsável que vá com ele para o posto de vacinação, que foi montada assim. Certamente, qualquer ruído de comunicação com esse público gera incerteza que poderá atrapalhar o avanço do processo especialmente nesse público", demonstrou.

"Numa campanha de vacinação onde a gente quer atingir a meta de 90% em todos os públicos prioritários, a comunicação é fundamental e qualquer falha pode gerar incerteza e afastar as pessoas do propósito. Quem ganha com isso são os negacionistas, pessoas que são contra a vacina. Os gestores sérios de Saúde não podem compactuar com esses ruídos. Sempre que se tem algum evento adverso mais sério precisa-se tomar as medidas adequadas. As vacinas estão sendo conduzidas pelo PNI e a gente espera que as decisões do Sistema Único de Saúde (SUS) seja compactuada pelo Sistema Tripartite. Existe também uma Câmara Técnica que foi tomada de surpresa com o absurdo", assegurou. 

Postado por Sérgio Ramos Locutor e Blogueiro - 16/09/2021

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