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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva durante visita a Curitiba, em 2017.
Foto: Alex Silva /
Estadão Conteúdo
A
defesa do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva prepara um habeas
corpus que tem como fundamentação o fato de o juiz Sérgio Moro ter aceitado
o convite para assumir o Ministério
da Justiça no governo Jair
Bolsonaro.
Segundo pessoas com
acesso à defesa de Lula, os advogados
vão alegar que a ida de Moro para o
ministério comprova a tese de que o juiz foi parcial e tinha motivações
políticas para condenar o ex-presidente e tirá-lo da corrida presidencial.
O HC deve ser encaminhado aos tribunais superiores.
Um dos argumentos será a declaração do vice-presidente eleito,
general Hamilton Mourão, de que o convite a Moro foi
feito ainda durante a campanha eleitoral e que o juiz liberou a delação do
ex-ministro Antonio Palocci, cujo principal alvo é Lula,
apenas seis dias antes do primeiro turno das eleições.
A
liberação da delação de Palocci às vésperas da
eleição é um dos pontos nos quais petistas e advogados de Lula vão
explorar para reforçar a narrativa de que Moro tratou o
ex-presidente com parcialidade.
"É
uma indecência. Mostra claramente que ele (Moro) sempre misturou a
atividade jurisdicional dele com a política", disse o deputado Wadih
Damous (PT-RJ), que integra a defesa do
ex-presidente.
Para
ele, Moro deve
se afastar imediatamente de todos os processos que envolvam Lula. A
ex-presidente Dilma Rousseff também explorou este
fato em uma série de mensagens publicadas hoje em uma rede social. Segundo ela,
a liberação da delação prejudicou sua candidatura ao Senado por Minas
Gerais e a do candidato do PT à Presidência, Fernando
Haddad.
Haddad, que
tirou dois dias de folga com a família na Serra da Mantiqueira, e se
pronunciou por meio de uma rede social. Segundo ele, a elite brasileira não compreende
o conceito de república e o significado da escolha de Moro ficará
por conta da imprensa e entidades internacionais.
"Se
o conceito de democracia já escapa a nossa elite, muito mais o conceito de
república. O significado da indicação de Sérgio Moro para Ministro
da Justiça só será compreendido pela mídia e fóruns
internacionais", escreveu Haddad. Segundo
o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, ao aceitar o
convite Moro confirma suspeitas de que conduziu o
processo de Lula de forma parcial. "Apenas
confirma as suspeitas sobre a sua isenção, como Juiz, nos processos lawfare encetados
contra Lula. Repito, não pelo fato de ter aceito
tecnicamente as denúncias do Ministério Público, que seriam
atos normais de jurisdição, mas pelas formas altamente politizadas e
tecnicamente manipuladas com que conduziu os processos e pelas ilegalidades de
forma e conteúdo que cometeu na condução dos mesmos", disse Tarso.
Por Sérgio Ramos/Radialista e Blogueiro- 01/11/2018