A proibição das
vaquejadas representa um duro golpe contra o turismo local (Foto: Portal
Vaquejada/ Divulgação
O município de Surubim já passou pela proibição de sua vaquejada em
1942. Foram sete anos sem as suas corridas de mourão. Na década de 1960 a
atividade sofreu novas pressões da Sociedade Protetora dos Animais. No
entanto, desta vez, ao julgar uma ação movida pela Procuradoria Geral da República
(PGR) contra uma Lei Estadual cearense que regulamentava a vaquejada como
atividade desportiva e cultural, o STF considerou-a inconstitucional. Ao
manifestar-se contra, criou jurisprudência que poderá ser utilizada no país
inteiro e inviabilizar em definitivo as vaquejadas.
Considerada como a Capital das Vaquejadas pela sua tradição, pois realiza a
mais antiga dessas festas de gado do Brasil, Surubim vê desmontar-se o seu
carro chefe do turismo municipal. Com isso deverá contabilizar perdas
irreparáveis em sua economia.
Não se sabe se a Frente Parlamentar que foi criada em Brasília para
defender a regulamentação das vaquejadas logrará algum êxito. Esse grupo nos
próximos dias apresentará no Congresso uma Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) visando alterar o Código 215 da Constituição Federal incluindo as
vaquejadas como uma das manifestações culturais a serem protegidas. Conforme o
deputado dederal Kaio Maniçoba (PHS) a bancada do Nordeste irá realizar no dia
25 deste mês em Brasília, uma grande manifestação com esportistas e admiradores
das festas de mourão chamando a atenção para a importância desses eventos tanto
sob o ponto de vista econômico quanto cultural.
Elas são as mais importantes festas de gado do Brasil e consideradas o único
esporte genuinamente nacional. São, evidentemente, expressões do Nordeste
Arcaico e fazem parte das raízes culturais de uma região onde se implantou há
quase meio milênio a pecuária nacional. Levando em consideração o respeito à
identidade cultural do povo dos sertões nordestinos sua proibição corresponde à
proibição dos cultos afros pelo fato de que dentro das cerimônias dessas
religiões são sacrificados animais de forma cruel, ou as beberagens do culto da
Jurema ou do Santo Daime por propiciarem visões alucinógenas.
Enquanto tudo isso acontece, os rodeios continuam a todo vapor. Há quem diga
que o preconceito contra o Nordeste mais outra vez voltou a manifestar-se.
Por Sérgio Ramos/Repórter e Blogueiro –
19/10/2016
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