Banda Aviões do Forró é alvo de investigação da Polícia Federal e Receita por suspeita de sonegação

Xand e Sol, do Aviões do Forró, eram empregados mas viraram sócios
Os 44 mandados de busca e apreensão e 32 de conduções coercitivas deflagrados em operação da Polícia e Receita Federais nesta terça-feira, no Ceará, envolvem artistas, bandas, empresários e empresas do mundo do entretenimento. Há suspeitas de sonegação de até R$ 500 milhões.

Apesar do nome, a operação, denominada For All (para todos, ou origem de "forró"), não vai atingir apenas a artistas forrozeiros, mas de todas os estilos). A operação é só o topo do iceberg de outra investigação.

As chamadas "inconsistências" na declaração de Imposto de Renda de muitos artistas e seus empresários e representantes (pessoas físicas ou jurídicas) já chamam atenção de auditores da Receita há anos.

Nesta terça, a banda Aviões do Forró é um dos alvos da operação. Mas ela é só o peixinho pequeno. É controlada por só um dos grupos dentro do "establishment" que controla a música comercial no país.

Quase todos os artistas do chamado "topo" comercial estão nas mãos de menos de 10 empresários em todo o Brasil, que dividiram o país em seus feudos. Qualquer artista famoso que quiser ser contratado para grandes eventos tem de passar por eles, como a um pedágio. Isso vale tanto para shows públicos como em casas noturnas e ou privadas.

Segundo fontes da Receita ouvidas por esta coluna na manhã desta terça, no caso da Aviões ou havia documentação insuficiente ou, pior,  inexistente de vários shows (representantes da banda ainda não se manifestaram).

Os valores declarados pela banda a recebedores não se confirmavam, além de uma infinidade de outras irregularidades. Há muitas outras bandas na mesma situação.

Para os especialistas da Receita, nos últimos meses surgiu o desenho de um grande esquema de corrupção, que promove lavagem e sonegação por meio da música popular brasileira.


A investigação da operação For All hoje ataca os coniventes com a sonegação. Afinal, se há empresários desonestos que querem driblar o Fisco, antes de mais nada há artistas dispostos a trocar sua suposta arte pela mania de levar vantagem em tudo. É o famoso jeitinho brasileiro.



Fonte: UOL/ Alberico Cassiano - jornalista
Por Sérgio Ramos/Repórter e Blogueiro – 19/10/2016