Fotos: Reprodução/ Internet
Os
prefeitos das cidades de Alhandra, Solânea e Sapé, e os servidores públicos
presos na semana passada por fraudes em licitações serão afastados de seus
cargos. A solicitação do Ministério Público foi atendida nessa quinta-feira (5)
pelo desembargador Joás de Brito Filho. Os acusados foram detidos durante a
operação Pão e Circo, deflagrada no último dia 28 pelo Ministério Público da
Paraíba (MPPB), Polícia Federal (PF) e Controladoria Geral da União (CGU),
Segundo o MPPB, a intenção do afastamento é impedir que os suspeitos causem
impacto na investigação, uma vez que, no cargo, eles teriam mais facilidade de
ocultar provas e coagir testemunhas. A medida é válida até o fim da apuração. A
decisão também prevê que as empresas e empresários fiquem impedidos de firmar
contratos com as três prefeituras investigadas e com a Fundação Cultural de
João Pessoa (Funjope).
A Prefeitura de João Pessoa já havia anunciado que o afastamento dos funcionarios
da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) suspeitos de envolvimento no
caso. Ao todo, foram presas 28 pessoas, entre elas três prefeitos de municípios
paraibanos. Os suspeitos teriam envolvimento com um esquema de superfaturamento
em contratos para a realização de festas como o São João e outras comemorações.
Dois prefeitos, de Sapé e Solânea, foram soltos mediante habeas corpus no
último fim de semana. Os outros 26 detidos, incluindo o prefeito de Alhandra,
foram liberados na madrugada desta terça-feira (3), uma vez que o prazo da
prisão temporária terminou. Eles estavam divididos entre o Presídio do Roger, o
5º Batalhão de Polícia Militar (PM) e o Batalhão da PM em Bayeux.
OPERAÇÃO
PÃO E CIRCO -
As investigações da Operação Pão e Circo, iniciadas há cerca de um ano, apontam
para um desvio de cerca de R$ 65 milhões dos cofres públicos (entre verbas
municipais, estaduais e federais) em 13 municípios paraibanos. A fraude vinha
acontecendo desde 2008. Para o levantamento das provas, foram instaladas mais
de 40 mil escutas telefônicas, feitas com autorização judicial. A partir delas,
foi possível constatar a participação direta de prefeitos, seus familiares e
servidores públicos, além de empresas “fantasmas” que foram constituídas com a
finalidade de desviardinheiro público
e fraudar procedimentos de contratação de serviços para a realização dos
festejos populares.
As fraudes eram feitas em licitações, contratos com bandas musicais, montagem
de palcos, som, iluminação, comercialização de fogos de artifício, shows
pirotécnicos, aluguéis de banheiros químicos e serviços de segurança, entre
outros serviços necessários à realização dos eventos.
Além do superfaturamento dos objetos contratados, as investigações constataram
que alguns serviços sequer foram prestados, além da existência de documentação
forjada, atestando falsa exclusividade de artistas e bandas para justificar
contratos sem licitação.
Segundo o delegado de Repressão aos Crimes Financeiros da PF, Fabiano Martins,
foram cumpridos 28 mandados de prisão, 65 de busca e apreensão e sete de
condução coercitiva, todos expedidos pelo Tribunal de Justiça da Paraíba e pelo
Tribunal Regional Federal da 5a Região. Os mandados foram cumpridos em 18
municípios paraibanos e também no estado de Alagoas.
Também foram apreendidos imóveis, armas sem registro, uma lancha, carros
nacionais e importados, R$ 56 mil em espécie, HDs e documentos. Os bens sequestrados
serão encaminhados à Justiça. Cerca de 300 policiais federais, 30 policiais
militares, 20 auditores da CGU e 12 promotores de Justiça participaram da
operação.
Além dos três prefeitos, a primeira-dama de Solânea e mais dez servidores
públicos (sendo três secretários municipais) também foram presos durante a
operação. Outras duas primeiras-damas foram conduzidas coercitivamente para
prestar esclarecimentos e liberadas em seguida. Os mandados de prisão também
tiveram como alvo empresários que atuam no ramo de eventos e outros servidores
públicos. Um dos mandados foi cumprido em Alagoas, contra o empresário Carlos
Abílio Ferreira da Silva.
As 35 pessoas que foram alvo dos mandados de prisão e condução coercitiva serão
ouvidas nesta quinta e sexta-feira pelos promotores de Justiça no Núcleo
Criminal do MPPB, localizado no centro de João Pessoa.
Eles são acusados de falsificar documentos públicos e privados, falsidade
ideológica, crimes contra a ordem tributária (sonegação), corrupção ativa e
passiva, fraude em licitação, desvio de verba pública, lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha. A pena para esses crimes pode chegar a 48 anos de
prisão.
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